Chegue, fique a vontade!

Que alegria receber você no meu cantinho
particular,nem tão particular assim...

Aqui posto reproduções das coisas bacanas
que vi, li e ouvi por ai!
Coisas que quero
compartilhar com as pessoas que gosto,
que
de uma maneira ou outra fazem
parte da min
ha caminhada!

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Ser feliz



Ser feliz é encontrar força no perdão, esperanças nas batalhas, segurança no palco do medo, amor nos desencontros. É agradecer a Deus a cada minuto pelo milagre da vida.
 
Fernando Pessoa

Viver, acertar, errar...


Já perdoei erros quase imperdoáveis,
tentei substituir pessoas insubstituíveis
e esquecer pessoas inesquecíveis.

Já fiz coisas por impulso,

já me decepcionei com pessoas
que eu nunca pensei que iriam me decepcionar,
mas também já decepcionei alguém.

Já abracei pra proteger,

já dei risada quando não podia,
fiz amigos eternos,
e amigos que eu nunca mais vi.

Amei e fui amado,

mas também já fui rejeitado,
fui amado e não amei.

Já gritei e pulei de tanta felicidade,

já vivi de amor e fiz juras eternas,
e quebrei a cara muitas vezes!

Já chorei ouvindo música e vendo fotos,

já liguei só para escutar uma voz,
me apaixonei por um sorriso,
já pensei que fosse morrer de tanta saudade
e tive medo de perder alguém especial (e acabei perdendo).

Mas vivi!

E ainda vivo!

A vida é um milhão de momentos


A vida é um milhão de momentos
E os dias com pressa se vão
As horas nos escrevem contos
Coisas que jamais se apagarão

A vida é feita de sonhos

E muitos beijos no escuro
Velas que incendeiam um sentimento
E a busca por um porto seguro

A vida é feita de amores

É de ternura em cada amanhecer
de mil canções no eu te amo
de esquecer de se esquecer.

Herbert Marcondes

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Um dia, um adeus!

O início do fim

Os motivos que levam um casal a romper são vários, mas há, sempre, um elemento comum: a dor. E, com ela, vem o medo, a insegurança, a dúvida. Sentimentos que provam o quanto é difícil abrir mão de uma relação —mesmo que ela esteja morta. Mas por que isso acontece? E como diferenciar o fim de uma crise?

Não é fácil abrir mão de um sonho. Não é fácil se despedir de uma história em que se investiu tanto amor, tanto tempo, tantos planos. É duro admitir, a si mesma, que aquilo que um dia foi motivo de felicidade é, hoje, a causa de insatisfação, tristeza e decepção. Mas não é só esse luto que permeia os momentos que antecipam uma separação. Não é só a dificuldade de encarar aquela sensação de fracasso que faz com que muitas mulheres sofram por anos — e às vezes a vida toda — num relacionamento vazio. “Existe também o peso das expectativas sociais, da família, o medo de ficar só e o sentimento de culpa, muitas vezes, pelos filhos”, diz Isabel Kahn, professora de Psicoterapia de Casal e Família da PUC-SP.

Há ainda o receio de que a insatisfação seja fruto de uma crise pontual, de uma turbulência que possa ser superada — afinal, nenhum relacionamento é feito só de bons momentos. Para a psicóloga Beatriz Cardella, autora de O amor na relação terapêutica e Laços e nós — amor e intimidade nas relações humanas, a confusão entre uma crise e um relacionamento sem salvação é comum. “Vivemos uma época de muito individualismo, as pessoas parecem cada vez mais sem disponibilidade para o outro. Crises fazem parte de qualquer relação viva, que se transforma”, diz. “Quando um casal está amadurecendo, é natural que precise de ajustes, de adaptações. Mas uma crise não pode ser superada quando os parceiros não estão mais dispostos a fazer renúncias, quando a tolerância chegou ao limite.”

Mas às vezes, no calor dos sentimentos, é difícil identificar quando é um e quando é outro. Nessas horas, segundo as especialistas, é preciso parar, se questionar e avaliar algumas questões importantes. Sempre existem indícios que ajudam a ver a situação com mais clareza (veja quadro).

O corpo também dá sinais — sintomas físicos, muitas vezes. Segundo a sexóloga e psiquiatra Carmita Abdo, coordenadora do ProSex — Projeto de Sexualidade da USP, é comum o aparecimento de insônia, irritação, perda da capacidade de concentração, queda da produtividade no trabalho, dor de cabeça, gripes de repetição, emagrecimento ou compulsão por comida não apenas após uma separação como nos momentos que a antecedem. “Com a resistência mais baixa, as pessoas também ficam mais vulneráveis a infecções urinárias, gástricas e intestinais. Esse leque de problemas costuma aparecer de acordo com a profundidade com que a perda é sentida, é algo bem individual.”

A seguir, duas mulheres contam os medos, inseguranças e questionamentos que sentiram antes de tomar a decisão de pôr fim à relação que as fazia infelizes. 


“Hoje vejo que passei metade dessa relacão tentando sair dela.”
– CLARA, 33 anos
DIREÇÕES OPOSTAS
Clara*, 33, publicitária, namorou por quatro anos e está separada há seis meses
 

“Eu e meu ex-namorado nos conhecemos na noite, em uma balada nada promissora. Nós começamos a ficar juntos e o início já foi complicado, pois ele escorregava, não queria assumir um compromisso. A gente passava o final de semana juntos e depois não se falava a semana inteira. Para mim, era um looping emocional, pois eu estava completamente apaixonada. Foi difícil conseguir que ele assumisse o namoro. Hoje eu vejo que esse modus operandi dele pautou nossa relação por todos esses anos. Se no início o difícil era assumir a relação, no meio e no fim a dificuldade era assumir planos, quaisquer que fossem.

Depois de uns dois anos juntos, a falta de compromisso com um futuro em comum, o fato de ele não querer ter filhos, casar, tudo isso fez com que passássemos a viver uma relação que não saía do lugar. Isso começou a me fazer mal. A possibilidade de viver com alguém com tantos obstáculos fazia com que eu me sentisse sufocada. Ao mesmo tempo, a ausência completa de um desejo comum me sufocava igualmente. Eu me lembro de ter dito a ele que nosso namoro ia acabar perdendo o sentido. E foi exatamente o que aconteceu. É como se tivéssemos nos encontrado no mesmo ponto de ônibus, só que para irmos para direções opostas.

É assustador quando penso que passei quase metade dessa relação tentando sair dela. Minha insatisfação, claro, gerava muitas crises. A gente tinha conversas dilacerantes e, no final, acabava ficando junto. Era como se essas crises me dessem um fôlego. Chegava ao limite de perdê-lo, sentia medo, pânico e usava isso para me animar. Mas, depois de dois meses, eu puxava outra crise de novo. Os medos eram vários, de muitas coisas. Eu tinha medo de não conseguir encontrar alguém, de não ter mais tempo para ter filhos — fazia as contas, mentalmente, da minha idade e do tempo necessário para conhecer uma pessoa, namorar, decidir engravidar... Pronto, me sentia velha demais para começar uma relação do zero de novo. Eu tinha medo de viver. Era como se eu fosse uma menininha frágil. Desde pensar em como seria sair sozinha para a balada até me perguntar se alguém mais gostaria de mim — e se eu gostaria de novo de alguém —, tudo me assustava.

Depois de dois anos de muitas brigas, eu estava emocionalmente destruída, me sentindo presa, sufocada, sem perspectivas. Tinha crises seguidas de choro. E, no último período, sentia muita raiva também. Tornei-me extremamente agressiva, impaciente e ressentida. Descontava tudo nele, o que acho que acabou o levando a tomar a decisão, pouco depois, de pôr um fim à relação. Ele também estava em cacos e sentindo-se culpado por ter sido um namorado incompleto para uma mulher que ele amou tanto. O fundo do poço foi inevitável. A relação estava esgotada, completamente acabada. Até que ele deu o basta que eu não tive coragem de dar.

Todo esse processo, e não somente o fim em si, me abateu profundamente. Quando o namoro acabou, eu passei a não sentir mais fome, emagreci uns quatro quilos, comecei a ter dificuldades para dormir e a ter crises de ansiedade que não me deixavam respirar direito. Comecei a fazer terapia e cheguei a tomar antidepressivos. Também iniciei um tratamento de acupuntura.

Hoje, eu penso que eu já estava deprimida nesses dois últimos anos e devia ter tomado a decisão da separação muito antes. Talvez assim tivesse evitado tanto sofrimento para mim e para ele. O que eu quero agora é paz. O final do meu relacionamento foi sofrido demais, ainda estou sofrendo. Mas é uma dor que não me derruba mais. O medo me acompanhou por um tempo. Só quero agora olhar para a vida com a perspectiva de que o futuro pode ser vivido, indo para frente.”

“Ele saiu de casa e voltou várias vezes. Era dolorido demais.” – CRISTINA, 38 anos

SOLIDÃO A DOIS
Cristina*, 38, produtora musical, foi casada por nove anos e está separada há três 


“Eu e meu ex-marido nos conhecemos em um curso de pós-graduação. Depois de uns dois anos de namoro, eu engravidei e fomos morar juntos. Tivemos um casamento normal, as brigas eram mais sobre a 
educação de nosso filho. Até que chegou a crise dos sete anos. Não teve nenhum fator específico, tipo traição, nada disso. Acho que foi uma explosão pelo desgaste dos desentendimentos do dia a dia. Nós quase nos separamos, mas, por causa do meu filho, resolvemos continuar morando na mesma casa, cada um num quarto. Claro que não deu certo, porque ainda nos gostávamos e acabamos reatando. Aí partimos para uma tentativa de dar um novo ânimo à união: resolvemos ter outro bebê. Evidentemente isso não resolveu nossos problemas e, depois de um ano que o bebê nasceu, meu marido saiu de casa pela primeira vez. Não foi uma decisão dele, mas minha. Eu não me sentia mais amada, achava que ele estava lá apenas pelas crianças. Eu vivia insatisfeita, infeliz.

Foi uma fase difícil, principalmente porque eu me sentia culpada por separar meus filhos do pai, não queria quebrar o laço entre eles. Então acabei pedindo para ele voltar. Isso aconteceu quatro vezes no período de um ano e meio. Eu pedia para ele sair e depois o chamava de volta. Era desgastante para nós dois e para os meninos, mas eu tinha dificuldade em pôr um ponto final definitivo, de pedir mesmo a separação, deixar que ele saísse de vez.

Mesmo com essas tentativas de fazer o casamento funcionar a qualquer custo, no fundo a gente não se esforçava realmente para dar certo. Eu comecei a fazer terapia e descobri que estava tentando manter o casamento por causa das crianças. É difícil tomar a decisão de desmanchar a família que a gente construiu. É doído perceber que aquela pessoa com quem eu pensei em dividir a minha vida não pode mais me fazer feliz. É como jogar os nossos sonhos pela janela. Dá medo do futuro, de não encontrar mais alguém especial, de causar problemas emocionais para as crianças.

Mas nada disso segura um casamento. Eu estava sofrendo, perdi o apetite, emagreci seis quilos. Há dois anos, ele saiu de casa definitivamente. Estávamos num ponto em que nem discutíamos mais, nossa separação foi pacífica. Mas a relação esfriou porque ele trabalhava demais (é diretor comercial de uma empresa) e eu me sentia só, me sentia pouco amada. Eu não tinha mais tesão e ele também não se esforçava para me satisfazer na cama — e o sexo sempre foi importante para mim. Acho que essa perda de interesse mútua aconteceu aos poucos e com o tempo de casamento percebi que tínhamos muito pouco em comum. Eu adoro arte, história, cultura, música e ele é um homem da terra, da área comercial, temos referências culturais totalmente diferentes. Ele não gosta da noite, eu sempre adorei. Acho que os opostos se atraem, mas não se mantêm.

Enfim, motivos para que eu enxergasse que aquela relação não tinha mais futuro não faltavam, mas, mesmo assim, demorou para eu me convencer de que era, mesmo, o fim. Ele não queria, mas eu sabia que era por causa das crianças e não por mim. No dia que ele foi embora, senti um vazio enorme. No começo é estranho, é preciso reaprender a viver. Minha frustração era entender como eu não era capaz de amar mais esse homem lindo, trabalhador, inteligente, sem vícios, cheio de qualidades. Meu dilema na terapia sempre foi esse. Até que percebi que eu precisava de alguém que realmente se preocupasse comigo, olhasse dentro dos meus olhos, me sentisse. Alguém que compartilhasse a sua vida comigo. Nós perdemos tudo isso. E eu sofria por não aceitar o fim desse amor.

Mas, aos poucos, a tristeza vai passando e a gente inventa novos hábitos e descobre forças que nem sabia que tinha. E a vida vai ganhando outras cores. Decidi então que queria ficar um pouco sozinha, cuidar dos meus filhos e retomar as coisas que me dão prazer. Voltei para o balé, para as aulas de piano e de canto. Coloquei até silicone! Voltei a fazer tudo que eu mais gostava e tinha deixado de lado por causa do casamento. Hoje, sou mais feliz.”





Pistas para identificar o início do fim de uma relação

• É a primeira crise que o casal enfrenta? Dificilmente alguém se separa por causa do primeiro obstáculo. Por outro lado, a repetição das crises é um indício de que o relacionamento caminha para o fim.

• A vontade de preservar o casamento ou o namoro é por amor, por querer ficar ao lado daquela pessoa? Ou é por insegurança ou comodismo? Se não houver amor e prazer de estar junto, cedo ou tarde o medo de tomar a decisão da separação acaba.

• Por trás da ideia de separação há uma tentativa de resgate da individualidade perdida ou a reafirmação do próprio individualismo e da incapacidade de ceder e/ou perdoar? 


* Os nomes foram alterados a pedido das entrevistadas.
Por Alessandra Kormann.

 

 

Salvem as mulheres!


  O desrespeito á natureza tem afetado a sobrevivência de vários seres e entre os mais ameaçados esta a fêmea da espécie humana. Tenho apenas um exemplar em casa, que mantenho com muito zelo e dedicação, mas na verdade acredito que é ela quem me mantém. Portanto, por uma questão de auto-sobrevivência, lanço a campanha "salvem as mulheres!". Tomem aqui os meus parcos conhecimentos em fisiologia da feminilidade a fim de que preservamos os raros preciosos exemplares que ainda restam: HABITAT: Ela não pode ser mantida em cativeiro. Se for engaiolada,fugirá ou morrerá por dentro. Não há corrente que as prenda e as que se submetem à jaula, perdem o seu DNA. Você jamais terá posse de uma mulher, o que vai prendê-la a você é uma linha frágil que precisa ser reforçada diariamente. ALIMENTAÇÃO CORRETA: Ninguém vive de vento. Mulher vive de carinho. Dê-lhe em abundância. É coisa de homem, sim, e se ela não receber de você, vai pegar outro. Beijos matinais e uma "EU TE AMO" no café da manhã as mantém viçosas e perfumadas durante o dia todo. Um abraço diário é como água para as samambaias. Não a deixe desidratar. Flores também fazem parte de seu cardápio. Mulher que não recebe flores murcha rapidamente e adquire traços masculinos como rispidez e brutalidade. Pelo menos uma vez por mês é necessário, senão obrigatório, servir um prato especial. Música ambiente e um espumante num quarto de hotel são muito bem digeridos e ainda incentivam o acasalamento o que, além de preservar a espécie, facilitam a sua procriação. RESPEITE A NATUREZA: Você não suporta TPM? Case-se com um homem. Mulheres menstruam,choram por nada, gostam de falar do próprio dia, discutir a relação...Se quiser viver com uma mulher, prepare-se para isso. Não tolha a sua vaidade. É da mulher hidratar as mechas, pintar as unhas, passar batom, gastar o dia inteiro no salão de beleza, colecionar brincos, comprar sapatos, ficar horas escolhendo roupas no shopping. Só não incentive muito esses últimos pontos ou você criará um monstro consumista. CÉREBRO FEMININO NÃO É UM MITO: Por insegurança, a maioria dos homens prefere não acreditar na existência do cérebro feminino. Por isso, procuram aquelas que fingem não possuí-lo(e algumas realmente o aposentaram!). Então, aguente mais essa: mulher sem cérebro não é mulher, mas um mero objeto de decoração. Se você se cansou de colecionar bibelôs, tente se relacionar com uma mulher. Algumas vão lhe mostrar que têm mais massa cinzenta do que você. Não fuja dessas, aprenda com elas e cresça. E não se preocupe, ao contrário do que ocorre com os homens, a inteligência não funciona como repelente para as mulheres. NÃO FAÇA SOMBRA SOBRE ELA: Se você quiser ser um grande homem tenha uma mulher ao seu lado, nunca atrás. Assim, quando ela brilhar você vai pegar um bronzeado. Porém, se ela estiver atrás, você vai levar um pé. Aceite: mulheres também têm luz própria e não dependem de nós para brilhar. O homem sábio alimenta os potenciais da parceira e os utiliza para motivar os próprios. Ele sabe que preservando e cultivando a mulher, ele estará salvando a si mesmo. SALVEM AS MULHERES!!! PARTICIPE PRESERVANDO A SUA!!! 

Texto de Fabio Reynol, que segundo o próprio autor, foi criado a pedido da jornalista
Monica Waldwogel, preocupada com a preservação desse animal que parece estar
desaparecendo aos poucos.   


terça-feira, 28 de junho de 2011

Quando Assim

Condição de entrega


Mesmo havendo amor e desejo, muitas relações não se sustentam!


Acaba de ser revelado o que uma mulher quer e que Freud nunca descobriu. Ela quer uma relação amorosa equilibrada onde haja romance, surpresa, renovação, confiança, proteção e, sobretudo, condições de entrega. É com essa frase objetiva e certeira que Ney Amaral abre seu livro Cartas a uma Mulher Carente, um texto suave que corria o risco de soar meio paternalista, como sugeria o título, mas não. É apenas suave. Romance, surpresa etc, não chegam a ser novidade em termos de pré-requisitos para um amor ideal, supondo que amor ideal exista, mas "condição de entrega" me fez erguer o músculo que fica bem em cima da sobrancelha, aquele que faz com que a gente ganhe um ar intrigado, como se tivesse escutado pela primeira vez algo que merece mais atenção. Mesmo havendo amor e desejo, muitas relações não se sustentam, e fica a pergunta atazanando dentro: por quê? O casal se gosta tanto, o que os impede de manter uma relação estável, divertida e sem tanta neura? Condição de entrega: se não existir, a relação tampouco existirá pra valer. Será apenas um simulacro, uma tentativa, uma insistência. Essa condição de entrega vai além da confiança. Você pode ter certeza de que ele é uma pessoa honesta, de que falou a verdade sobre aquele sábado em que não atendeu ao telefone, de que ele realmente chegará na hora que combinou. Mas isso não é tudo. Pra ser mais incômoda: isso não é nada. A condição de entrega se dá quando não há competitividade, quando o casal não disputa a razão, quando as conversas não têm como fim celebrar a vitória de um sobre o outro. A condição de entrega se dá quando ambos jogam no mesmo time, apenas com estilos diferentes. Um pode ser mais rápido, outro mais lento, um mais aberto, outro mais fechado: posições opostas, mas vestem a mesma camisa. A condição de entrega se dá quando se sabe que não haverá julgamento sumário. Diga o que disser, o outro não usará suas palavras contra você. Ele pode não concordar com suas ideias, mas jamais desconfiará da sua integridade, não debochará da sua conduta e não rirá do que não for engraçado. É quando você não precisa fingir que não pensa o que, no fundo, pensa. Nem fingir que não sente o que, na verdade, sente. Havendo condição de entrega, então, a relação durará para sempre? Sei lá. Pode acabar. Talvez vá. Mas acabará porque o desejo minguou, o amor virou amizade, os dois se distanciaram, algo por aí. Enquanto juntos, houve entrega. Nenhum dos dois sonegou uma parte de si. Quando não há condição de entrega, pode-se arrastar, prolongar, tentar um amor pra sempre. Mas era você mesmo que estava nessa relação? Condição de entrega é dar um triplo mortal intuindo que há uma rede lá embaixo, mesmo que todos saibamos que não existe rede pro amor. Mas a sensação da existência dela basta.

MARTHA MEDEIROS - DONNA ZH

Icó


do tupi - guarani: Ser, estar, viver!